quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Sistemas podem travar sem ajustes para um segundo a mais nos relógios

Fornecedores de sistemas e aplicações que apresentaram problemas no último leap second, em 2012, estão atentos para que as falhas não se repitam em 30 de junho deste ano, quando um segundo será acrescentado para sincronizar os relógios atômicos à rotação da Terra. Ainda que não seja preciso temer o leap second como se ele fosse um novo Bug do Milênio, alguns cuidados devem ser tomados para se preparar para possíveis falhas em sistemas operacionais, site e aplicativos — leia matéria anterior sobre o assunto.

A Red Hat, fornecedora de soluções Linux, afirma que trabalhou para corrigir eventuais erros. O próprio criador do sistema Linux, Linus Torvalds, disse à revista Wired que as pessoas precisam se acalmar sobre o tema. Em entrevista ao portal da Abranet, Boris Kuszka, gerente dos arquitetos de soluções da Red Hat, explicou que o bug no Kernel do Linux acometeu usuários apenas dos Estados Unidos onde se usa o Protocolo de Tempo para Redes (NTP) para sincronização dos servidores. “No Brasil, usamos servidores de tempo local e nossos usuários não tiveram impacto. Nenhum cliente da Red Hat teve problemas”, disse. 

Em 2012, dois erros foram constatados: aumento para 100% do uso de CPU e travamento do sistema. Ambos, na maioria dos casos, foram solucionados com a reinicialização dos sistemas. Para evitar problemas neste ano, a Red Hat diz que fez correções e rodou aplicativos de testes. Os clientes que usam RHEL 6.4 adiante não devem ser afetados pelo problema, pois o sistema já está preparado. Para quem usa versões anteriores, a Red Hat publicou correções no site para serem baixadas e aplicadas. Os clientes também podem rodar aplicativos de testes. “É muito improvável que haja erros ou que apareçam novos”, afirmou.  

De acordo com Boris Kuszka, muitas empresas procuraram fazer atualizações via o site, mas não houve abertura de chamados focados no leap second. Outra que teve problemas foi a Amadeus, fornecedora de soluções para o segmento de turismo, especialmente para gestão de reservas das companhias aéreas. Contatada pela Abranet, a empresa, sem dar mais detalhes, disse que está monitorando de perto as discussões da indústria sobre o próximo leap second e seguindo os padrões das melhores práticas. O planejamento, afirmou a Amadeus, está sendo feito e “estamos nos preparando para garantir uma transição suave”.  

Já a estratégia do Google será de acrescentar milissegundos de forma gradual aos relógios de seu sistema no dia 30 de junho para evitar falhas. Mas fazer o relógio andar mais rápido não é uma solução que serve para todas as empresas, provedores de Internet ou sites, conforme explicou Antonio M. Moreiras, gerente da área de projetos do NIC.br. “Será um dia fora de sincronismo, o que para um banco, por exemplo, pode não ser viável”, disse o especialista. Procurado por este noticiado, o Google no Brasil recusou, por meio de sua assessoria de imprensa, a dar entrevista ou qualquer posicionamento sobre o assunto.

Aplicativos baseados em Java também falharam em 2012. Segundo relatos da época, aplicações em Java, rapidamente, começaram a usar 100% da CPU e a empresa publicou instruções aos clientes . Para este ano, a Oracle, propritária do Java, deixou disponível em seu site algumas instruções. Até o fechamento desta reportagem, a assessoria de imprensa da Oracle no Brasil não havia respondido à solicitação de entrevista. O gerente da área de projetos do NIC.br, Antonio Moreiras, escreveu um artigo detalhando o impacto do leap second no Brasil.

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